Concurso de remoção de servidores: sucesso e emoção no final

Após audiência marcada pela participação emocionante da servidora Maiara Rocha, 137 técnicos e 27 analistas conseguiram ser transferidos para os municípios desejados.

Link do vídeo do 22° concurso de remoção do TRE-PE

Sexta-feira, 19 de março. O relógio marcava quase 19h de um dia cansativo. Com o apoio da Diretoria Geral (DG), Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP), Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Stic), Secretaria de Administração (SA) e Assessoria de Cerimonial (Ascai), a Seção de Lotação e Gestão de Desempenho (Selog) realizava mais um concurso de remoção. Desta vez, tudo era novo. Por causa da pandemia, pela primeira vez, o processo acontecia via videoconferência.

Previamente inscritos, um por um, técnicos e analistas da Justiça Eleitoral de todo o Estado externavam o desejo de mudar de cidade. Após cada solicitação, o secretário da SGP, Antônio Nascimento, olhava suas planilhas, explicava onde havia vagas, quais eram as atribuições em cada cartório, informava sobre funções e tirava as dúvidas que iam surgindo.
Muitos servidores conseguiam ir para o município desejado. Outros, diante da impossibilidade decorrente da falta de vagas, optavam por uma cidade mais perto daquele destino almejado. Havia também aqueles que desistiam de deixar sua zona original. Os rostos na tela do computador já denunciavam o esgotamento geral. O processo havia começado às 7h, após três meses de planejamento.


FELICIDADE

Eis que Antônio chama Maiara Rocha Moreira, técnica judiciária lotada em São José do Egito. De blusa amarela, ela surgiu na tela, deu boa noite e perguntou se todos a viam e ouviam. Entre nervosa e entusiasmada, deixava escapar um sorriso largo. Estava visivelmente feliz (CLIQUE AQUI E VEJA O VÍDEO). “Já está acabando, né? Já está nos últimos momentos...Mas eu só queria dizer uma coisa. No ano passado, neste mesmo período, eu estava no meio da rua vendendo lanche. E hoje estou aqui escolhendo uma cidade para ser técnica e dar o meu melhor. Então, eu agradeço a Deus”, disse Maiara.

Ela cogitou ir para Mirandiba e depois pediu informações sobre Trindade. Enquanto o secretário verificava a situação de pessoal de cada cartório, Maiara respirava ofegante, passava a mão no pescoço e no rosto, num claro sinal de nervosismo. Antônio, então, explicou o panorama das duas zonas cogitadas pela servidora. E, sorrindo, ela escolheu. “Então eu vou para Trindade”. Depois, tirou os óculos e começou a chorar aquele choro que só os batalhadores conhecem. Enquanto enxugava os olhos, ouviu palavras de apoio e agradecimento de Antônio, agora, também ele, com a voz trêmula pela emoção.

Nesta segunda-feira (22), o secretário voltou a comentar a participação de Maiara. “No fim da segunda audiência, a de técnico judiciário, quando o cansaço já se fazia presente, fomos surpreendidos e coroados com o depoimento de Maiara. Não há palavras que possam descrever o sentimento que tomou conta de todos que acompanhavam a audiência. Ela foi um verdadeiro presente”.

O diretor geral do TRE-PE, Orson Lemos, também se emocionou com a participação da servidora. “Maiara Rocha veio a completar o concurso de remoção com sua simplicidade para nos lembrar que somos felizes por termos um emprego, termos saúde e também a oportunidade de servir. Devemos dar nosso máximo. Maiara nos representa neste espírito de servir e empreender com amor”.

CONHEÇA MAIARA

Maiara Rocha nasceu em Areão, no interior da Bahia, onde passou parte da infância morando com os avós e a irmã. Ainda criança, quando tinha apenas cinco anos, seu avô faleceu. Foi então que ela mudou para Fortaleza, onde a mãe já trabalhava como empregada doméstica há alguns anos, desde que precisou fugir da seca e da intensa pobreza que assolava a família no Sertão baiano.

A neblina da miséria em que vivia, não foi capaz de embaçar e confundir a visão da moça. Esperançosamente, Maiara seguia acreditando que a educação era a chave que abriria a porta de uma vida com mais dignidade para ela e sua família e se dedicou a isso o tanto que podia. “Eu sempre estudei em escola pública e me alimentava com a merenda da escola porque não tinha dinheiro para comprar outros lanches, mas apesar disso, eu soube aproveitar o que tinha à minha disposição. Me esforçava muito com os meus estudos, sempre tirava as melhores notas da sala e era convocada para representar a escola em eventos e olímpiadas”, relembra ela, conversando com a Ascom do TRE-PE pelo telefone.

Aos 12 anos, Maiara mudou de cidade novamente. Dessa vez foi para o Rio de Janeiro cuidar dos filhos de uma família em troca de alimento e proteção. Ao chegar no Rio, a menina ficou deslumbrada com os aparelhos tecnológicos da época, até então desconhecidos por ela.

Não demorou muito tempo e Maiara precisou voltar para Fortaleza. Precisando trabalhar para auxiliar no sustento da família, não pôde cursar o ensino médio, o que só foi feito anos depois seguido pelo curso superior em recursos humanos. Neste período em que buscava um emprego, ouviu falar que uma escola técnica da cidade tinha aberto inscrição para seleção de menor aprendiz e decidiu tentar. Apesar da sua força de vontade, esbarrou novamente na falta de dinheiro.  A inscrição custava R$ 10 e nenhum familiar poderia ajudar.
Determinada a fazer a prova de alguma forma, a jovem arriscou e foi conversar com os responsáveis pela inscrição. “Eu sempre fui muito pidona porque não tinha condições mesmo. Então cheguei no local da inscrição e disse que não tinha o dinheiro para pagar, mas que eu precisava fazer aquela prova porque eu iria passar”. As pessoas ajudaram. E ela passou mesmo. O curso técnico em confecção foi o que contribuiu com a sobrevivência da família por muito tempo.

Em 2012, enquanto voltava do centro da cidade para casa, Maiara observou um rapaz no ônibus que lia uma apostila e resolveu perguntar o que era aquilo. “Se você estudar e passar em uma prova, você fica rico. Ganha dinheiro fixo e estabilidade”, respondeu o moço.

Empolgada, Maiara foi ansiosamente conversar com o seu esposo, Claudiney, que, sem muito estudo, nunca tinha ouvido falar em concurso público. Rapidamente ele apoiou a ideia, deu um jeito de comprar um computador e contratar um provedor de internet. Maiara, então, pôde estudar. Ao pesquisar sobre a prova, aos poucos, a moça compreendeu o que era um concurso público e ao perceber a importância do serviço, decidiu que não se submeteria a  uma seleção qualquer apenas para ganhar a tão sonhada estabilidade. Ela queria passar em um concurso onde encontrasse propósito para atuar.

A rotina de Maiara trabalhando com confecção não permitia que ela reservasse um tempo do seu dia para estudar. “Eu sentava na máquina, ia trabalhando e assistindo vídeo-aula. Quando largava meia-noite é que eu parava um pouco e lia as apostilas, durante a madrugada”, conta.

Após dois anos de estudo, Maiara prestou o primeiro concurso e para sua infelicidade, não passou. “Isso me encheu de tristeza porque todo mundo confiou em mim e eu decepcionei”, se emociona a servidora ao lembrar da sensação que foi receber o resultado. Mas a moça sempre foi guerreira. E com o apoio do esposo, decidiu que tentaria novamente. Neste mesmo período, foi publicado o edital do TRE de Pernambuco e, ao ler sobre a atuação de técnico judiciário, Maiara ficou encantada. Sentiu um imenso desejo de desempenhar a função.

Foram dois longos anos de estudo e, dessa vez, mais árduo e sacrificante, pois Maiara, mãe de duas meninas, largou o trabalho para se dedicar integralmente à sua meta. Durante esse tempo, não acompanhou o desenvolvimento das filhas, deixando as meninas aos cuidados de Claudiney.  “Eu passava o dia inteiro trancada no quarto estudando. No final do dia, brincava com elas um pouco e logo voltava para o quarto e ia estudar novamente”, relembra, chorando.

O dia da prova finalmente chegou e Maiara viajou de ônibus para Recife com o dinheiro que juntou ao longo dos anos para comprar a passagem. Sorrindo, a técnica judiciária conta que, um dia antes da seleção, ao perceber que não conseguiria revisar a matéria na casa de um amigo da família onde estava hospedada, foi estudar nos bancos do shopping RioMar, de onde só saiu quando o estabelecimento já estava fechando.

Após fazer a prova, a servidora voltou para Fortaleza cheia de esperança e pouco tempo depois recebeu a notícia que tinha sido aprovada, mas que não estava no início da listagem e por isso, não seria chamada de imediato. Ela, então foi trabalhar numa empresa de call center, mas de um dia para o outro ficou desempregada e decidiu que venderia lanches no centro da cidade.

Começou com um isopor e uns docinhos e, paulatinamente, o comércio se ampliou e a empreendedora Maiara inseriu outros lanches, como bolos e salgados variados. O pequeno comércio se tornou o ganha-pão da família.

DIAS DE ALEGRIA

Em uma manhã comum, enquanto produzia os lanches que seriam vendidos no dia seguinte, o telefone tocou. Ao ouvir “Maiara, o TRE de Pernambuco está te procurando há algum tempo. Você vai querer a vaga?”, Maiara nem esperou a moça terminar de falar e pulou de alegria.

Um grande sonho estava próximo de se tornar real. Ela tinha olhado para as dificuldades ao longo do trajeto e escolhido juntar as pedras para erguer um castelo.
No dia 22 de janeiro deste ano, Maiara Rocha foi empossada como servidora do TRE-PE, onde leu o termo de compromisso e fez o juramento. “Para nós que estudamos por muito tempo, é uma honra chegarmos até aqui. Tenho certeza que todos nós estamos comprometidos em sermos bons servidores, focando sempre em servir ao cidadão pernambucano”, declarou na ocasião em nome de todos os colegas que tomavam posse naquela oportunidade.

Nesta segunda-feira (22), a servidora voltou a expressar sua gratidão pelo que está vivendo. “Foi muito difícil a minha caminhada até aqui, muita gente não acreditou que eu conseguiria, mas eu sempre busquei enxergar o copo pelo lado cheio. Estou imensamente feliz e vou tentar aprender tudo o que estiver ao meu alcance para servir aos eleitores pernambucanos e ser útil na Justiça Eleitoral”.

SUCESSO   

Para o mais recente concurso de remoção do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), 137 técnicos estavam inscritos. Entre os analistas, foram 72 servidores inscritos. Segundo a Selog, encerrado o processo, 96 técnicos e 27 analistas conseguiram a remoção após um processo considerado por todos muito bem-sucedido.
“A Administração realizou um dos maiores concursos de remoção da história do TRE-PE, o primeiro totalmente virtual. E, mesmo assim, foi com carinho, amor e competência da SGP e da Stic no apoio. Foi um concurso digno de servidores excelentes, de um tribunal diamante. Apesar da pandemia, não perdemos o sentimento de servir, independentemente de onde estejamos lotados . Sabemos que as escolhas não afetam só o servidor, mas todos os seus familiares e amigos. São mudanças que trazem impacto em nossa vida profissional.  Mas sabemos que as dificuldades preparam pessoas comuns para destinos extraordinários”, finalizou Orson Lemos.

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