“Após a definição do diagnóstico e sabendo tudo o que passaria com as cirurgias, o período de recuperação e, talvez, a quimioterapia, eu decidi agradecer por tudo o que eu havia conquistado até aquele momento”. Com esse testemunho, a servidora do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Fabiana Lemos, deu início à palestra “Câncer de Mama Não Tem Gênero: Duas Perspectivas, Um Caminho para a Prevenção”, realizada na manhã desta segunda-feira (28) para servidoras e servidores do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE). O evento, que aconteceu no plenário do edifício-sede, foi organizado pela Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) em alusão ao Outubro Rosa. 

Fabiana trouxe ao público seu testemunho como forma de alertar para a importância da descoberta precoce do câncer de mama. Ela soube da doença em um exame de rotina sem imaginar que a sua vida mudaria dali para frente. “O médico que estava fazendo a ultrassonografia disse que não estava gostando do estava vendo no monitor. Na hora, o alerta veio na minha cabeça”, contou. A partir daquele dia, a servidora relata que o objetivo foi correr contra o tempo e agradecer foi a maneira que encontrou para se fortalecer e seguir para o tratamento. “Agradeci pelo marido, meus filhos, meus pais que tudo me deram, pelo fato de jamais ter passado qualquer tipo de privação. Eu apenas agradeci a Deus”, disse.

Assim como Fabiana, o jornalista, radialista e produtor cultural, Alexandre Albuquerque, também compartilhou a sua história. No caso dele, houve uma dificuldade maior para se chegar ao diagnóstico por conta do seu gênero, já que a doença nos homens significa menos de 1% do total de casos no Brasil. “O diagnóstico veio depois de uma queda, quando machuquei o tórax. Após alguns dias, além de dolorido, começou a sair um líquido amarronzado do meu seio. Quando fui procurar um médico, ouvi dele que não tinha nada (mesmo sem exame algum) e muita dificuldade para marcar uma mamografia. Consegui no IMIP”, disse o jornalista se referindo ao Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira, que fica no bairro Coelhos, no Recife, e é referência no diagnóstico e tratamento do câncer de mama.

De acordo com Alexandre, a insistência dele foi determinante para a descoberta da doença já que não é comum homens buscarem por mastologistas ou exames mamários. “Se eu não tivesse insistido ou parado no primeiro não, não estaria aqui contando essa história para vocês”, afirmou.

Ambos palestrantes afirmaram que o câncer de mama não tem uma única causa e foi o diagnóstico precoce que os salvou. “Era 2015 quando descobri um nódulo no seio tão pequeno que o exame de mamografia não conseguiu detectar. Só com a ultrassonografia. A partir dali, busquei todas as formas de tratamentos e cuidados. Precisei argumentar muito com minha médica na época para poder fazer o procedimento de retirar os dois seios: o que estava com câncer e o que estava saudável. Foi a melhor decisão que tomei”, afirmou Fabiana. 

O apoio da família e amigos e seguir todas as etapas do tratamento, com foco e determinação, são outros pontos de comum acordo entre os dois. “Um dia, eu disse (ao câncer) assim: vou dar um ippon em você e vencerei essa luta”. Alexandre usou a pontuação mais importante do judô como metáfora para determinar seu posicionamento frente ao desafio e “não deixar a doença entrar na cabeça”. O ippon equivale a 100 pontos e é marcado quando o oponente é projetado de costas no tatame com força e controle. O ippon garante a vitória imediata.

Números no Brasil 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama entre 2023 e 2025 no país. A estimativa de risco é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Apenas cerca de 1% dos casos ocorre em homens.

O câncer de mama é o tipo de tumor maligno que mais acomete mulheres no Brasil. Por outro lado, as chances de cura chegam a 95% quando descoberto na fase inicial.